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Sem Relatório de Horas vs. Utopia

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Pesquisando sobre relatórios de horas e o sistema de horas bilhetáveis e taxas-hora, cheguei ao site da VeraSage. Não tenho idéia de quem são, mas seus argumentos e linha de pensamento são idênticas às minhas. Mais, eles complementaram tudo que me afligia há anos sobre o assunto. Resolvi traduzir dois de seus artigos (há mais em seu site). O primeiro “traduzi no artigo anterior” e aqui traduzo o segundo, entitulado “No Timesheets vs. Utopia”, de 02/09/2007, por Ron Baker, que começa abaixo.

Imagine que sua casa está pegando fogo. Você conseguiu tirar sua família de lá a tempo, até conseguiu pegar algumas fotos preciosas pelo caminho. Agora sua unidade familiar abalada está de pé no meio da rua observando o Sonho Americano ir embora em brasas.

Os bombeiros chegam, eles pegam todas as mangueiras e tão logo estão se preparando para apagar o inferno, você corre até o líder dos bombeiros e grita: “ESPEREM! ESPEREM! COM O QUE VOCÊS VÃO SUBSTITUIR ISSO?”

Soa absurdo? Pois é. Mas é quase exatamente a forma de pensar que encontramos em líderes de empresas quando confrontados com a possibilidade de jogar fora os relatórios de horas. Em vez de admitir os danos incalculáveis que os relatórios de hora estão afligindo em suas empresas atualmente, eles querem ter certeza que tem a utopia perfeita desenhada antes de se livrar deles.

Eu teria pensado que parar os danos existentes, mesmo na ausência de um substituto, seria de valor. Eu estava errado. De fato, a maioria das empresas não nos deixarão nos livrar de seus relatórios de horas (fogo) até termos construído o substituto perfeito (e eu realmente quero dizer perfeito). É a velha história do ótimo ser inimigo do bom.

(Pois bem amigos, permaneçam firmes comigo nisso, é meio que uma analogia história, mas muito aplicável ao nosso problema).

Antes do comunismo se destroçar na antiga União Soviética, havia uma antiga piada soviética:

“O que é socialismo? O caminho mais longo do capitalismo ao capitalismo.”

Isso é mais profundo do que soa. Líderes de empresas de serviços hoje ignoram os efeitos deletérios dos relatórios de hora tanto quanto os cidadãos da antiga União Soviética ignoravam o Gosplan – a agência governamental que determinava aqueles planos mestres de 5 anos de ficção. No que os cidadãos prestavam atenção, se não nos planos oficiais de governo? Os mercados negro e cinza, que eram os únicos lugares onde existia uma realidade objetiva – e produtos à venda – comunicados com preços.

O Comunismo deveria criar uma utopia – um novo homem, uma nova sociedade, uma nova maneira de viver junto. Soa muito bom na teoria. Na prática, é uma porcaria. A prática comunista nunca superou a teoria comunista. Exatamente como relatórios de horas. O problema para velhos comunistas – pense em Fidel Castro – é que eles nuncam comparam a realidade de hoje com a alternativa. Quando a sugestão é feita de mudar para capitalismo, os comunistas comparam o capitalismo à sua visão utópica, não ao inferno de verdade onde estão.

Eles prezam um futuro utópico de paz, irmandade, prosperidade e justiça enquanto seu povo perece nos gulags que suas idéias econômicas obsoletas criaram. Ah claro, eles ocasionalmente reconhecem que existem abusos de direitos humanos, sem mencionar privações materiais, mas é sempre pelo bem maior. Porque, você entende, o futuro será melhor. É sempre sobre amanhã, nunca hoje.

Lenin disse, “Você não consegue fazer um omelete sem quebrar alguns ovos.” À medida que os ovos – e corpos – se amontoam nunca aparece nenhum omelete.

Uma mentalidade chave é julgar comunismo por suas melhores intenções, e ao mesmo tempo julgar toda e qualquer alternativa ao padrão utópico. Com comunismo, só existem amanhãs, nenhum reconhecimento dos danos silenciosos que são infligidos hoje, ou ontem. Comunistas são implacáveis em suas críticas a toda nova alternativa, mas nunca ao regime atual. Afinal, suas intenções são decentes e honráveis – eles são idealistas quando se fala de status quo porque inevitavelmente as coisas vão melhorar.

É uma perseguição inepta dos amanhãs de ontem; só que o amanhã nunca chega.

Além disso, as poucas vezes que verdadeiros crentes no comunismo – especialmente aqueles sortudos o suficiente para nunca terem vivido sobre um – reconhecem as falhas nos países que a adotaram e se tornaram regimes incrementais. Sim, a União Soviética não era o paraíso que imaginávamos, mas a China será diferente. Então a Coréia do Norte. Então o Vietnã. Então Cuba. Ad nauseam.

Mesmo hoje, alguns comunistas radicais – a maioria nas universidades americanas – ainda insistem que o comunismo nunca foi propriamente implementado, e somente se tivéssemos as “pessoas certas” ela iria, claro, funcionar. Esses indivíduos se seguram aos seus sonhos utópicos e não reconhecem que a realidade da sua visão está podre.

Pegando emprestado do Karl Marx, o comunismo – não a religião – é o “ópio das massas” final, tão agarrado porque ele oferece respostas às questões mais vergonhosas da vida. É uma forma especial de cegueira para não ver a realidade.

Agora, se você substituir comunista e/ou comunismo nos parágrafos acima por “empresas com relatórios de hora” e/ou “líderes de empresas que acreditam em relatórios de horas”, e substituir “capitalismo” e/ou “alternativas ao comunismo” com “sem relatório de horas”, eu acredito que a analogia é a mesma. E aqui vai porquê.

Assim como capitalismo, não ter relatórios de horas parece um sistema contra a intuição. O que? Ninguém responsável? Ninguém olhando pelos ombros dos membros da equipe para ter certeza de sua eficiência? Nenhum Big Brother?

Não ter relatórios de horas, como capitalismo, é uma “sabedoria inarticulada”. Ela funciona melhor na prática do que soa na teoria. Líderes de empresas vão projetar todos os tipos de consequências deletérias ao não ter relatórios de horas, mas ao mesmo tempo omitindo os Gulags onde seu pessoal está atualmente preso com eles.

Da mesma forma como nos regimes comunistas incrementais mencionados acima, líderes de empresas vão engajar em sua própria forma de ajustes incrementais dos sintomas tóxicos dos relatórios de hora, mas ao mesmo tempo deixando a causa firmemente enraizada. Eles colocarão sua fé no novo regime, abraçando todas as formas de caprichos – de equilíbrio trabalho-lazer a cadeiras de massagem – deixando a crença básica na efetividade dos relatórios de horas inquestionadas e intocadas.

E da mesma forma como o próprio comunismo, os relatórios de horas destróem o capital humano, ou pelo menos, concedem capital humano negativo. Eles mantém os profissionais atolados na mentalidade de que vendem horas. Atolados na mentalidade de que horas são iguais a valor. Atolados na crença de que preencher relatórios de horas é uma forma apropriada de gerenciamento de projeto, e é a única forma aceitável de comunicar valor ao cliente (“mas nós gastamos o tempo.”)

Assim como comunismo, relatórios de horas prometiam um omelete, mas tudo que entregaram foram ovos quebrados. No caso de empresas de serviço, os ovos quebrados consistem na drenagem de talentos e na moral negativa daqueles que tem que contabilizar cada seis minutos de seus dias como se fossem prisioneiros.

Em vez de tratar da causa do mal que atualmente existe entre os profissionais, líderes de empresas, como devotos comunistas, falham em reconhecer que o relatório de horas é bicha solitária devorando de dentro pra fora. Esse parasita vive da força de vida de seus hospedeiros sem oferecer nenhuma contribuição própria. Nesse caso, a força de vida das empresas de serviço é seu capital intelectual.

Essa solitária é a causa dos Sete Pecados Capitais das horas bilhetáveis e relatórios de horas nas profissões:

  1. Valor é igual ao tempo, portanto bilhetamos horas
  2. Relatórios de horas comunicam valor aos clientes
  3. Relatórios de horas são necessários para medir produtividade
  4. Relatórios de horas são necessários para contabilidade de custos
  5. Relatórios de horas nos permitem orçar projetos
  6. Relatórios de horas são substitutos para formas mais apropriadas de liderança
  7. Cobrar por hora nos força (ou permite) precificar com atraso (não um bom momento para aprender que o cliente não concorda com seu preço)

Então quando ouvimos líderes de empresas lamentando todos os custos reais e imaginários de se livrar dos relatórios de horas, mais os padrões utópicos que bloqueiam qualquer alternativa possível, eu francamente continuo tão surpreso quanto o bombeiro do início da história ficaria ao ouvir a pergunta, “Com o que vocês vão substituir isso?”

Se um cirurgião cortar um câncer de seu corpo, essa não é a indagação que ele esperaria. Relatórios de horas são um câncer, mas tenha cuidado com qualquer um que sugira se livrar deles. É melhor ter uma resposta para todas as possíveis contingências que poderiam acontecer, mesmo quando os relatórios de horas existentes estejam apodrecendo a empresa de cima para baixo.

O estadista irlandês, autor, orador, teorista político e filósofo Edmund Burke uma vez escreveu: “Um estado sem os meios de fazer alguma mudança não tem os meios para sua conservação.” Se as empresas vão criar o amanhã, eles precisam primeiro jogar fora o ontem. Se quiser tentar alguma coisa nova, você precisa primeiro desistir de fazer alguma coisa velha, do contrário seu processo de aprendizado será comprometido. Você simplesmente não pode ter a tentativa sem os erros, que são essenciais ao aprendizado e crescimento.

Precisamos ter um mecanismo natural para se livrar do desperdício. Conclusivamente provar que relatórios de horas são um desperdício, e até mesmo respondermos a questão absurda ao bombeiro de, com o que, a empresa os substituiria. Aqui, novamente, está o que substitui os relatórios de hora:

  1. Preço Baseado em Valor
  2. Indicadores Previsíveis Chave
  3. Gerenciamento de Projetos
  4. Revisão de Ações Posteriores
  5. Revisão de Ações Anteriores

Obviamente, os ítens acima requerem capital intelectual, criatividade, imaginação, habilidade e talento para atingir em vez de idiotamente ficar preenchendo um relatório de horas e carregando o resultado em um programa de horas e cobrança. Mas é esse o ponto. Em vez de destruir o capital humano, as funções acima as criam, e no processo criam riqueza não somente para a empresa e seus acionistas, mas mais importante, para os clientes que tem o privilégio de servir.

Para todos os líderes de empresas por aí, me deixam enfatizar: Parem de comparar não ter relatórios de horas a algum padrão utópico que não existe. Em vez disso, compare seu status quo podre às possibilidades e vistas que não ter relatórios de horas, junto com as funções acima, abririam à sua empresa.

Na obra A República, de Platão, ele descreve a sociedade perfeita como “Utopia.” A palavra é derivada das palavras em Grego ou (significando “não”) e topos (significando “lugar”). Portanto, utopia é “lugar que não existe”.

Utopia não existe. O estado atuao das empresas de serviço ao redor do mundo, em termos de atração de inspiração de talentos são, sendo bem sincero, é abominável. Por que o presente tem que esperar algum guturo inatingível antes dos líderes tomarem alguma ação?

Sim, o trabalho à sua frente é duro, mas não consigo pensar em nada que vale a pena que seja fácil.


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